Lar

Juliana Anjo

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Cauã, Caie e nosso lar
Cauã, Caie e nosso lar

Quando criança, pensava que lar eram os tijolos das paredes, um teto na cabeça e os objetos incoerentes de decoração. Pensava que era onde deito à noite, para onde volto quando o dia acaba, de onde saio quando o dia começa.

Me enganei.

Lar é forte demais para a simplória definição de casa. Apesar de parecerem similares, hoje vejo que são mais antônimos que fogo e água. Casa é material, metal, ferro e brasa. O lar é coisa rara, bonita e simples de viver.

Minha morada nunca foi dos cimentos, mas dos apegos. Onde construo a rotina, deixo a louça na pia e aproveito o tempo ocioso que ele me dá. Isso, sim, é lar: saber que quando voltar, o terei esperando, de qual humor que for, em uma posição qualquer, se distraindo do dia, ou cozinhando comida boa.

Lar é saber que quando levantar primeiro, um par de braços estarão esticados, me pedindo para voltar.

E eu volto.

Volto com gosto, todos os dias, todas as horas e minutos que forem necessários. Pois esta é minha morada, o lar que me pertence, e pertenço de volta com todo o meu ser — seja formado por tijolo, madeira ou papel, meu lar é onde quer que estejamos em par.

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